JOVEM À RASCA

JOVEM À RASCA - BEM-VINDO À PROLETARIZAÇÃO

Prometeram-te:

Pertenceres a uma forte classe média

Um canudo de doutor privelegiado

Um alto salário e bastas regalias sociais

Carro topo de gama e casa com jardim e piscina

Férias em paraisos tropicais

Emprego a tempo certo em multinacionais com regras civilizadas no ambiente de trabalho

Em troca exigiam-te:

Olhar para o pessoal da ferrugem (o velho e atrasado proletariado) como algo absoleto e digno de compaixão

Afirmares que as velhas teorias do movimento operário era uma peça de museu

Que isso de vir para a rua contestar o sistema e as suas leis injustas era para falhados e marginais

Reconhecer que o capitalismo era o reino do bem-estar para todos com base na criação de riqueza e numa justa distribuição entre capitalistas e trabalhadores ( o velho sonho social-democrata)

Que a nova revolução tecnológica vinha libertar os produtores de longos horários e encurtar o tempo de reforma

Que a diminuição de horário e o encurtar da reforma vinha criar emprego para toda a gente

O que te deram:

Canudos à barda e doutores a torto e a direito

Desemprego

Trabalho precário

Recibos verdes sem o mínimo de direito

Estágios à borla para o estado e os privados se encherem à tua custa

Longos horários de trabalho e alongamento da reforma

im do estado social

Reformas de miséria

Diminuição dos subsídios sociais Leis de trabalho em que o patronato faz o que quer

Então o que tens (temos) que fazer? ( para além de os mandar foder)

Abrir a pestana e voltar à velha escola da luta "de classe contra classe" (até à vitória final- GAC)

Ocupar as avenidas com o grito da nossa revolta (os palácios são deles- a rua é nossa) Exigir um sistema politico novo já que o capitalismo só nos trás miséria

Olhar com esperança para o futuro porque o mundo do trabalho está de novo em marcha (Grécia, países árabes, Islândia, América Latina)

Aproveitar o que aprendeste na universidade e juntá-lo à sabedoria de vida do velho proletariado (experiência e teoria- NINGUÉM NOS PÁRA)

Então meu jovem amigo à rasca: BEM-VINDO À ANTIGA CASA DO PROLETARIADO (que sempre foi tua).

um poema de Manuel Monteiro