Blog com o nosso nome e aspeto

Há um blog criado muito depois deste com o nosso nome e o mesmo aspecto que nada tem a ver com este.
Os senhores da blogspot permitiram tal... não se compreende como!
Cuidado com as imitações, ocasionais ou não.
Este é cultura-nova.blogspot.com

Lágrima de preta

Encontrei uma preta
Que estava a chorar
Pedi-lhe uma lágrima
Para analisar.

Recolhi a lágrima
Com todo o cuidado
Num tubo de ensaio
Bem esterelizado.

Olhei-a de um lado,
Do outro e de frente:
Tinha um ar de gota
Muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
As bases e os sais,
As drogas usadas
Em casos que tais.

Ensaiei a frio,
Experimentei ao lume,
De todas as vezes
Deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
Nem vestígios de ódio,
Água (quase tudo)
E cloreto de sódio.
                                  de António Gedeão

ECSTASY perigoso químico

Extasy ou XTC - este é um químico de facílima aquisição e que não é caro! Pelo que aumentou significamente o seu uso nos meios muito jovens, jovens e adultos. Não é o facto de ser caro e de ser (ou não) objecto de tráfico que é melhor ou pior ou que é mais ou menos consumido. Até porque em Portugal é barato em relação a muitos outros lugares, designadamente Amsterdam e outros locais onde nunca baixou a taxa de consumo e a miséria associada.
Chega a ser distribuido gratuitamente no nosso país, em discotecas, festas de amigos, escolas etc.
É a MDMA (um composto químico perigoso) que se supõe estar em cada comprimido, mas cada um deles tem em si alguma surpresa, não se sabendo exactamente o que virá a conter, o que constitui um perigo adicional.
O grande risco aumenta quando o indivíduo se encontra a tomar simples aspirinas, anti-depressivos, anti-retrovirais, ou que tenha problemas como epilepsia, renais, diabetes, psicológicos, etc.
A dependência desta droga é essencialmente psíquica e leva a uma forte ou muito forte dependência e também a ter de passar a drogas mais pesadas ainda, mais e mais terríveis, de modo irreversível.
Alguns sintomas são: perturbações de memória, falhas de memória de acontecimentos recentes, depressão após o 1º efeito, bruscas euforias, perturbações do sono, desfalecimentos, prostração, instabilidade cíclica de humor, destruição de células do cérebro.

Simples verdades Socialistas(mas não do P"S", claro)

                                        Simples Verdades Socialistas


Paul Lafargue

1903

Trabalhador. Mas se não houver mais patrões, quem me dará trabalho?

Socialista. Essa é uma pergunta que frequentemente me fazem; vamos examiná-la. A fim de trabalhar, três coisas são exigidas: uma oficina, máquinas e matéria-prima.

T. Certo.
S. Quem constrói as oficinas?
T. Pedreiros.
S. Quem constrói as máquinas?
T. Engenheiros.
S. Quem cultiva o algodão que você tece, quem poda a lã que a sua mulher fia, quem escava os minerais que o seu filho funde?
T. Lavradores, pastores, mineiros – trabalhadores como eu.
S. Consequentemente, você, sua mulher e seu filho só podem trabalhar devido a todos esses outros trabalhadores que já lhes forneceram construções, maquinaria e matéria-prima.
T. Isso mesmo; eu não poderia tecer chita sem algodão e sem tear.
S. Pois então, não é o capitalista ou o patrão quem lhe dá trabalho, mas sim o pedreiro, o engenheiro, o fazendeiro. Você sabe como o seu patrão conseguiu tudo o que é necessário para o seu trabalho?
T. Ele comprou.
S. Quem lhe deu o dinheiro?
T. Como irei saber? Seu pai deve ter-lhe deixado um pouco; hoje ele é milionário.
S. Ele conseguiu esta quantia manejando suas próprias máquinas e tecendo seu próprio algodão?
T. Provavelmente não; foi nos fazendo trabalhar que ele conseguiu.
S. Então ele enriqueceu sem ter feito nada; este é o único modo de se fazer fortuna. Aqueles que trabalham conseguem somente o suficiente para continuarem vivendo. Mas, me diga, se você e seus companheiros não trabalhassem, as máquinas do seu patrão não enferrujariam e seu algodão não seriam comido pelos insetos?
T. Tudo o que tem na oficina iria estragar se não trabalhássemos.
S. Consequentemente, trabalhando você acaba por preservar as máquinas e a matéria-prima necessárias para o seu trabalho.
T. Isso é verdade; nunca havia pensado nisso.
S. O seu patrão cuida do trabalho de vocês?
T. Não muito; ele faz uma ronda diária para nos ver trabalhando, mas mantém as mãos nos bolsos por medo de sujá-las. Na fiação, onde minha esposa e filha trabalham, os patrões nunca são vistos, mesmo sendo quatro; é ainda pior na fundição, onde o meu filho trabalha; ninguém nunca vê os patrões, nem mesmo os conhecem; não veem nem sombra deles. É uma companhia limitada que tem posse dos negócios. Suponha que eu e você temos quinhentos francos guardados, nós poderíamos comprar uma parte e nos tornarmos um dos patrões, sem nunca ter colocado, ou nunca colocar, o pé no lugar.
S. Quem, então, dirige e supervisiona o trabalho neste lugar onde os patrões são acionistas, sendo que eles nunca são vistos lá, ou se o são, é tão raro que nem conta?
T. Diretores e capatazes.
S. Mas se são os trabalhadores que construíram a oficina, fizeram as máquinas e produziram a matéria-prima; se são os trabalhadores que mantém as máquinas funcionando e os diretores e capatazes quem tomam conta de tudo, o que, então, fazem os patrões?
T. Nada, a não ser girar os dedões.
S. Se tivesse uma ferrovia daqui até a lua, poderíamos mandar os patrões para lá, sem uma passagem de volta, e o seu tecer, a fiação da sua mulher e a moldagem do seu filho continuariam com antes. Você sabe qual foi o lucro do seu patrão no ano passado?
T. Calculamos que tenha sido em torno de cem mil francos.
S. Quantos trabalham para ele, incluindo homens, mulheres e crianças?
T. Cem pessoas.
S. Quanto eles ganham?
T. Em média, cerca de mil francos, contando os salários dos diretores e capatazes.
S. Então estes cem trabalhadores recebem um total de cem mil francos em salários, apenas o suficiente para não deixá-los morrer de fome, enquanto o seu patrão embolsa cem mil francos sem precisar fazer nada. Da onde vem esses duzentos mil francos?
T. Do céu é que não vem; nunca vi chover dinheiro.
S. São os trabalhadores que produziram os cem mil francos que receberam em forma de salários, e, além disso, os cem mil francos de lucro do patrão, que teve uma parte investida na compra de novas máquinas.
T. Não há como negar.
S. Portanto, são os trabalhadores que produzem o dinheiro que o patrão usa na compra novas máquinas para fazê-los trabalhar; são os diretores e capatazes, escravos do salário assim como vocês, que dirigem a produção; onde, então, o patrão entra? Em que ele é bom?
T. Em explorar trabalho.
S. Em roubar os trabalhadores, eu diria; é mais claro e exato.

Mãos vidreiras (poema antigo)

Olhai pra estas mãos que aqui vedes
Já foram pequeninas e mimosas
Leves e macias como lírios
Rosadas e frescas como rosas
Mãos que foram dóceis em criança
Hoje são áridas brutais
Não tendo a graça das ilustres
Valem certamente muito mais.

Mãos vidreiras
Que o gás do forno queimou
Mãos vidreiras
Que o trabalho calejou
Mãos vidreiras
Que só fazem obras d' arte
Mãos que sabem ser vidreiras
Honradas em toda a parte.

Olhai pra estas mãos trabalhadoras
Pelo rigor da vida transformadas
Mãos que nunca foram ociosas
Mas pelo trabalho calejadas
Mãos que se irmanam com o fogo
Trabalhando o vidro em fusão
Mãos que são a alma dum povo
Na sua dura vida e em duro pão.

(poema de Francisco Correia Moita, cantado por Mário Godinho)

Já dizia Miguel Torga

«É um fenómeno curioso: O país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disso.
Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.
Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.»

...Até um dia... dizemos nós!

O Poeta... e a sociedade capitalista

O poeta
Declina de toda a responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
promete ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta,
um verme.

C. Drummond de Andrade

JOVEM À RASCA

JOVEM À RASCA - BEM-VINDO À PROLETARIZAÇÃO

Prometeram-te:

Pertenceres a uma forte classe média

Um canudo de doutor privelegiado

Um alto salário e bastas regalias sociais

Carro topo de gama e casa com jardim e piscina

Férias em paraisos tropicais

Emprego a tempo certo em multinacionais com regras civilizadas no ambiente de trabalho

Em troca exigiam-te:

Olhar para o pessoal da ferrugem (o velho e atrasado proletariado) como algo absoleto e digno de compaixão

Afirmares que as velhas teorias do movimento operário era uma peça de museu

Que isso de vir para a rua contestar o sistema e as suas leis injustas era para falhados e marginais

Reconhecer que o capitalismo era o reino do bem-estar para todos com base na criação de riqueza e numa justa distribuição entre capitalistas e trabalhadores ( o velho sonho social-democrata)

Que a nova revolução tecnológica vinha libertar os produtores de longos horários e encurtar o tempo de reforma

Que a diminuição de horário e o encurtar da reforma vinha criar emprego para toda a gente

O que te deram:

Canudos à barda e doutores a torto e a direito

Desemprego

Trabalho precário

Recibos verdes sem o mínimo de direito

Estágios à borla para o estado e os privados se encherem à tua custa

Longos horários de trabalho e alongamento da reforma

im do estado social

Reformas de miséria

Diminuição dos subsídios sociais Leis de trabalho em que o patronato faz o que quer

Então o que tens (temos) que fazer? ( para além de os mandar foder)

Abrir a pestana e voltar à velha escola da luta "de classe contra classe" (até à vitória final- GAC)

Ocupar as avenidas com o grito da nossa revolta (os palácios são deles- a rua é nossa) Exigir um sistema politico novo já que o capitalismo só nos trás miséria

Olhar com esperança para o futuro porque o mundo do trabalho está de novo em marcha (Grécia, países árabes, Islândia, América Latina)

Aproveitar o que aprendeste na universidade e juntá-lo à sabedoria de vida do velho proletariado (experiência e teoria- NINGUÉM NOS PÁRA)

Então meu jovem amigo à rasca: BEM-VINDO À ANTIGA CASA DO PROLETARIADO (que sempre foi tua).

um poema de Manuel Monteiro

A pensar nos Mineiros

No poço de S. João trá.lá.la.la

Morreram muitos mineiros

vê lá vê lá companheiro

vê lá vê lá como venho eu trá.lá lá.lá lá

Trago a cabeça aberta trá lalalala

Que me abriu uma barrena

vê lá vê lá companheiro, vê lá vê lá como venho

Eu trago a camisa rota tra. lá lá.lá

E sangue de um camarada vê lá, vê lá companheiro,

vê lá vê lá como venho eu tra lálálálá

Santa bárbara bendita trá..lá..lá padroeira dos mineiros

Vê lá vê lá companheiro vê lá vê lá como venho eu

Padroeira dos mineiros vê lá vê lá companheiro

Vê lá vê lá como venho eu tra...la..laa.....



Musica original do Chile adaptada pelos mineiros de Aljustrel

Verão devastador - a culpa é também dos governos

O governo "socialista" tem deixado queimar por todo o lado.
Nem mesmo os Parques Naturais como é o caso do Parque Nacional Peneda Gerês é vigiado e limpo pelos sucessivos governos, deixando assim de existir grande área de
vegetação luxuriante e única, e bem assim espécies animais em extinção, tendo já
deixado extinguir a águia real do Gerês (até há pouco existiria apenas um macho) e
outras espécies autóctones ou idênticas a estas.
Vamos a ver o que sobra este ano após a devastação de Verão.
Mas os governantes apenas incriminam o povo de não limpar as matas.
Lutemos por movimentos que levem não só à conservação desses espaços e dessas espécies mas também à punição exemplar dos governos do Capital, e dos detentores de grandes interesses económicos resultantes dos incêndios, a quem pouco interessa a preservação do ambiente e das espécies.