Mãos vidreiras (poema antigo)

Olhai pra estas mãos que aqui vedes
Já foram pequeninas e mimosas
Leves e macias como lírios
Rosadas e frescas como rosas
Mãos que foram dóceis em criança
Hoje são áridas brutais
Não tendo a graça das ilustres
Valem certamente muito mais.

Mãos vidreiras
Que o gás do forno queimou
Mãos vidreiras
Que o trabalho calejou
Mãos vidreiras
Que só fazem obras d' arte
Mãos que sabem ser vidreiras
Honradas em toda a parte.

Olhai pra estas mãos trabalhadoras
Pelo rigor da vida transformadas
Mãos que nunca foram ociosas
Mas pelo trabalho calejadas
Mãos que se irmanam com o fogo
Trabalhando o vidro em fusão
Mãos que são a alma dum povo
Na sua dura vida e em duro pão.

(poema de Francisco Correia Moita, cantado por Mário Godinho)

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