Um poema de Torga

Sísifo

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

em "Diário" XIII

Um poema de Brecht

UM POEMA DE BRECHT

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários
Mas eu não me importei com isso
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei.
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht

Toxicodependência, a quem interessa

TOXICODEPENDÊNCIA, A QUEM INTERESSA

1 - Motivações:
Várias são as motivações, dando-se como as mais importantes ara a entrada no sub-mundo da droga:
- a pressão dum grupo de amigos ou simplesmente de um amigo;
- a curiosidade de experimentação;
- a necessidade de afirmação;
- a ociosidade, o prazer, a moda;
- as frustrações a que a sociedade conduz o jovem, tanto nas escolas como no trabalho;
- a apresentação fácil que é dada pela sociedade para obrigar ao consumo e à dependência.

No grupo de amigos, do qual é difícil sair ou quase impossível permanecer à margem do consumo de drogas, dá-se o maior impulso.
Da experimentação ocasional passa-se à dependência… transformando-se o ser humano num doente e num farrapo humano a que a sociedade, depois de o viciar já não liga senão para ele comprar e comprar cada vez mais estupefacientes.
O único caminho é NUNCA EXPERIMENTAR.
É fácil de verificar que as chamadas “leves” conduzem às “pesadas”, num “mundo” sem retorno.

2 - Estado punitivo, mas pouco… e não preventivo:

Tudo contribui para, cada vez menos exista a censura social da toxicodependência, das drogas.
E a nível de punição cada vez se caminha mais para a descriminalização, para a legalização do consumo, etc.
Por outro lado, as substâncias consideradas ilícitas não abrangem muitas drogas actualmente em uso, como as chamadas eco-drogas, certos químicos destruidores do cérebro, etc.
O consumidor-traficante é hoje em dia considerado normal e a quem as autoridades não metem mão, deixando-os livres para disseminar as drogas pelos amigos e conhecidos. De quando em quando via um preso por uns meses ou paga multa… mas a via é para o alargamento da simples contra-ordenação.
Como grande parte dos toxicodependentes são também traficantes e praticam furtos para o seu governo, situação da qual já não têm saída, apenas se encarrega o Estado, esta sociedade, de punir esses furtos ou outros danos, pouco se importando com a prevenção, não tendo qualquer programa preventivo para evitar o início do consumo, a experimentação.
Vejam-se os programas dos governos e dos partidos em geral – onde estão as medidas de prevenção e de erradicação da droga?

É que isso interessa-lhes e muito. E aos grupos económicos que representam. É preciso dizer claramente a quem interessa a situação e o alargamento do consumo e da desgraça de milhares e milhares de jovens portugueses.
Mais tarde voltaremos a falar desta questão.
Vamos entretanto falar de algumas drogas, como a cannabis, que muitos querem fazer crer ser inofensiva:

3 - NÃO CONSUMAS CANNABIS

É a erva ilícita mais usada pelos jovens do país e da U.E., sob a forma de haxixe, marijuana ou outras, e tem como psico-activo a delta 9THC, com efeitos que apesar de dependerem de cada indivíduo em particular, não escapam a:
Aumento do ritmo cardíaco, euforia, tensão arterial sistólica, congestão dos vasos conjuntivos, dilatação dos brônquios, diminuição da pressão intra-ocular, fotofobia, percepção do tempo afectada, etc.
É considerada a “auto-estrada para perturbações psíquicas para a vida!” Leva a uma dependência psíquica muito forte, com surgimento de doenças mentais.
Apenas uma experiência na vida equivale a grande percentagem de hipótese de desenvolvimento de problemas psíquicos.

Os sintomas de dependência são:

- dificuldade de concentração e em especial escolares;
- alucinações;
- modificação da percepção e dificuldade de consciência de si mesmo;
- dupla personalidade,
- sentimentos de perseguição;
- ansiedade.


CONTINUA NUMA PRÓXIMA OPORTUNIDADE.

ATENÇÃO Há um blog com o nosso nome

Há um blog criado muito depois deste com o nosso nome e o mesmo aspecto que nada tem a ver com este. Os senhores da blogspot permitiram tal... não se compreende como!
Cuidado com as imitações, ocasionais ou não.
Este é cultura-nova.blogspot.com

Touradas

Extracto elucidativo do poema de Manuel Monteiro "Manifesto a favor do Touro"

Peço aos poetas que não louvem os toureiros
Nem outros ofícios de tortura:
cravar no sangue um ferro
É um acto de cultura?

Monte Real - Cultura da guerra

Faz 50 anos que foi inaugurada a base Aérea militar de Monte Real e esta comemorou há pouco com um avião F16 em plena praça de Leiria e um festival aéreo na própria base, aberta ao público e onde compareceram milhares de pessoas, das quais centenas de crianças e de jovens.
O F16 é um avião de guerra, atacante e não de defesa que prima pela sua beleza, as suas linhas aerodinâmicas, pelo menos quando não está artilhado com o essencial do seu alto poder destrutivo, quando está mais a nu, sem os mísseis, etc. Assim, a sedução por aqueles brinquedos é agitada pelas autoridades, branqueando o que estão ali a fazer e para quê, e encobrindo o seu poder de destruição mortífera que, comparativamente com alguns "medonhos" aviões doutros tempos parecem ser apenas para "dar umas voltas" e apresentarem-se como umas senhoras bonitas.
Os militares portugueses têm na sua posse só em Monte Real, pelo menos 3 dezenas de F16, para além de outros aparelhos de guerra atacante, com o que gastam milhões de euros nos treinos, na esperança de em breve fazerem parte da guerra, servindo principalmente os desígnios imperialistas da U. E. ou até dos EUA, conforme as posições tácticas da altura em que a guerra acontecer.
Devemos reflectir acerca deste poder militar atacante e altamente mortífero que nada tem a ver com a simples salvaguarda do território nacional em caso de invasão.
Agosto 2009

"Hipócritas, mas não tanto"

Uma tirada de Manuel Monteiro no seu blog "Poeta Rebelde"

"Ao fim de 445 anos, Galileu Galilei foi homenageado pela igreja católica. Sim, foi o mesmo que se livrou da fogueira da Inquisição da mesma igreja católica. Daqui a 445 anos será elevado aos altares...
A hipocrisia destes senhores feudais não tem limites..."

PERGUNTAS DE UM OPERÁRIO QUE LÊ

Perguntas de um operário que lê
Bertold Brecht

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu?
Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros?
A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu?
Sobre quem
Triunfaram os Césares?
A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes?
Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sòzinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias
Quantas perguntas.

ESTA PÁGINA NÃO TEM:

Os milhões do Programa Operacional da Cultura da União Europeia;

Os milhões das Autarquias, dos bancos e dos grandes construtores civis;

Os Acessores e Técnicos de Informática dos Ministérios e das empresas...


Por isso é bastante modesta, mas pode ser melhor, se tu quiseres.

LIÇÃO DE ANTÓNIO ALEIXO

EXTRACTO DO "AUTO DO TI JAQUIM"
Barbeiro:
Vejo no que tenho lido
Que o mundo foi sempre assim;
E creio que, até ao fim,
Há-de ser como tem sido.
Será ou não, ti Jaquim?
Ti Jaquim:
Rapaz, isso é desalento
De quem já não quer viver:
Toda a vida é movimento,
Parar seria morrer.
Mas há quem veja ao avesso
Daquilo que vos exponho,
Preso ao terrível sonho
De que o mal vem do progresso.
Usa mais este processo
Quem tem o viver risonho.
(...)
Aleixo é conhecido pelas suas quadras dispersas, populares e acutilantes, mas poucos sabem que também nos deixou Autos (mini peças de teatro em verso, lembrando Gil Vicente). Este extracto é de um auto com mais de 60 anos, mas que se revela actual.